
Por Nico Anfarri*
Foto Josh Hedges
Eu gosto muito de eventos aos moldes desse UFC on Versus 2. Eventos que respondem mais perguntas do que levantam questões. Tyson Griffin, talvez contagiado pela máxima de que lutadores asiáticos não lutam bem no ocidente resolveu testar seu excelente boxe contra o japonês Takanori Gomi. Gomi vem tendo uma carreira irregular, como se escrevesse a história de sua vida com caneta bic e uma folha de papel na mão, no banco do carona de um jipe numa etapa do rally Paris-Dakar.
Mas como nenhum lutador ganha o apelido de “Fireball kid” a toa, deve-se sempre respeitar a chama secreta que queima no coração de todos os ex lutadores do Pride. Coisa que Griffin não fez e acabou dormindo com a ponta do nariz no chão em sua primeira derrota por nocaute. Tem lutadores que boxeiam, lutam um fino Muay Thai, um Caratê cheio de ângulos, mas nenhum desses é Takanori Gomi. Gomi trampa na porrada, abaixa a cabeça e larga a mão num estilo há muito abandonado pelos puristas do esporte e, nesse micro mundo, ele é imbatível.
Questão respondida nesse UFC on Versus 2: dá para ganhar por pontos, raspar, botar no chão e até finalizar, mas não dá para trocar soco com Takanori Gomi.
O japonês Yushin Okami paga um alto preço por seu baixo carisma. É um maiores lutadores do peso, duro, técnico, agüenta porrada, absorve, ataca e, mesmo assim, é visto como o azarão em todas as suas lutas. Mark Muñoz provou mais uma vez, ao se tornar mais uma vítima de Okami, que em luta, os capítulos que fazem parte do livro de glórias são escritos dentro do octagon. Um Muñoz revigorado no peso até 84kg não foi páreo para um Okami que, teoricamente, parecia se esvair para fora do UFC. Uma vitória clara e justa, mas não sem mais uma lambança dos árbitros laterais, já que um deles conseguiu ver vitória para o Philipino. No livro de regras desse árbitro, levar socos no queixo vale ponto.
Questão respondida nesse UFC on Versus 2: Okami quase perde todas as lutas em que participa, até as que ganha.
Jon Jones é o queridinho do UFC. MMA é um esporte mundial e nenhuma organização entende isso melhor do que a empresa dirigida por Dana White. Lembrem do evento principal entre os brasileiros Lyoto Machida e Shogun, no Canadá. Mas é verdade que eles querem, e querem demais, mais campeões americanos, e Jon Jones tem carisma e talento para isso. Mas é desnecessário construir sua carreira com tanto cuidado. Ao o colocarem contra competidores extremamente abaixo de seu nível como Vladimir Matyushenko, podem acabar tornando-o letárgico e desmotivado mais do que lendário. Podem também acabar desagradando os fãs que o admiram pelo seu talento, aparentemente, infinito, mas repudiam esse apadrinhamento. Dessa maneira sua carreira está sendo mais estagnada do que protegida. Jones, que já mostra certa insatisfação coma falta de desafios, moeu o crânio empoeirado de “Vlady” antes dos dois minutos de luta. Alguns acham que o juiz poderia ter esperado um pouco mais, eu até gostaria que tivesse esperado, mas a esposa, filhos e netos do bielo-russo agradeceram.
Questão respondida nesse UFC on Versus 2: É um saco ver leão ser alimentado de ervilhas.
Charles do Bronx estreou transformando a estrela em ascensão Darren Alkins numa estrela cadente. Um triângulo relâmpago mostrou que não é só russo e invicto que tem a péssima idéia de entrar na excelente guarda de um bom lutador de jiu-jitsu antes da primeira gota de suor poder lubrificar algum centímetro do corpo.
Questão respondida nesse UFC on Versus 2: Do Bronx vai estar disputando o cinturão até 70kg em dois anos.
* Nico Anfarri é empresário da área da saúde, filósofo, cronista de MMA e escreve para o blog mmanapontadoqueixo.blogspot.com
Equipe Mineirinho de Jiu Jitsu
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