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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Anderson comemora: ‘O Jiu-Jitsu me salvou’


Por Guilherme Cruz

Foto Josh Hedges

Campeão peso médio do UFC, Anderson Silva sofreu pela primeira vez no octagon americano. Após levar uma dura durante quatro rounds, o brasileiro tirou um triângulo da cartola e finalizou Sonnen, se mantendo no topo da categoria. Antes de voltar ao Brasil, Anderson conversou com a TATAME e analisou sua luta, elogiou a performance de Sonnen, revelou que havia prometido uma finalização a Rodrigo Minotauro e criticou as brincadeiras a Steven Seagal.

O que você achou da sua vitória sobre o Chael Sonnen?

Bom, eu não tenho muito a falar. Já foi, agora é passado e eu tenho que pensar na próxima. Foi uma luta boa, foi uma luta que a gente não esperava. Todo mundo está acostumado a ver o Anderson vencendo sempre, sem passar por nenhuma situação de risco, mas foi bom, isso serviu para me fortalecer também. A gente treinou bastante, a gente treina diversas situações e, graças a Deus, tudo que a gente conseguiu fazer todos os treinamentos deu certo. Dessa vez o Jiu-Jitsu foi uma prioridade no chão e graças a Deus deu certo. Temos que agradecer a todo mundo que me ajudou a treinar, aos meus treinadores e a Deus.

Muita gente não esperava que a luta fosse assim... Você esperava?

Poxa, eu estava com um pouco de dificuldade para me movimentar porque eu estava com a minha costela machucada. Eu machuquei a minha costela três semanas antes, quebrei a minha costela com o (Satoshi) Ishii, um amigo do Lyoto (Machida) que veio do Japão para treinar com a gente e eu estava treinando com ele e, com um movimento que eu fiz, acabei me machucando. A gente foi no médico e ele falou que não era para eu lutar porque a lesão não estava muito grave, mas poderia ficar durante a luta, mas deu tudo certo, graças a Deus. Eu acho que tudo que a gente tinha programado para a gente se concretizou na luta.

Ele é um cara que gosta de colocar para baixo e ficar no jogo de ground and pound socando, principalmente a costela. Você acha que esse tipo de jogo dele acabou te prejudicando, por você estar com essa lesão na costela?

Dificultou um pouco, eu não consegui me movimentar como eu me movimento, rápido... Mas ele está de parabéns, fez uma grande luta... Foi um “lutão”. Acho que, tanto para mim quanto para ele, foi bem bacana, foi uma luta que as pessoas gostaram de ver.

No quinto round, você escorregou e ele acabou te dominando novamente, como havia feito nos rounds anteriores. Em algum momento você achou que não tinha mais como reverter a situação, já que ele tinha conseguido trabalhar no ground and pound nos 20 minutos anteriores?

Não. Na verdade, eu tive algumas boas oportunidades na luta em pé, não consegui aproveitar mais por estar machucado. A gente treinou muitos movimentos em pé, com os treinadores em pé, a gente só conseguiu colocar alguns. No chão, eu acho que deu tudo certo... Queria agradecer ao Rodrigo (Minotauro), Rogério (Minotouro), (Rafael) Feijão, André Galvão, (Ronaldo) Jacaré, Ramon (Lemos) e toda a galera que me ajudou nessa parte. A gente tem que sempre rever os nossos conceitos sobre o que pode melhorar e o que não pode melhorar e eu estou sempre melhorando naquilo que eu tenho mais dificuldade, que é o chão e foi o que me ajudou bastante e me trouxe a vitória. O negócio é treinar, voltar a treinar e bola para frente.

Você acha que essa foi a maior luta da sua carreira?

Não. Eu posso dizer para você que a minha maior luta será a minha última luta. A maior luta da minha vida sempre vai ser a minha última. Agora, essa foi mais uma luta difícil, assim como todas as outras, como as próximas que virão. Um dia, quando eu lutar pela última vez, se você perguntar para mim, aí sim eu posso responder que a última foi a mais difícil.

Durante a luta, os fãs fizeram uma brincadeira, pelo Twitter, falando que o Steven Seagal era o Mick Jagger do MMA...

É uma brincadeira de mau gosto, ele é um grande mestre e um grande professor que ficou comigo, deu uma mão o tempo todo, me ajudou bastante. No começo do meu treinamento ele me passou algumas técnicas que funcionaram e ele merece o respeito de todos nós. Ele é um grande mestre e uma pessoa do bem. Eu acho que as pessoas têm que ter respeito.

A sua vitória foi digna de um filme de Hollywood, quando o “herói” sofre durante a maior parte da luta, mas, no final, consegue sair com a vitória...

É, cara. Na verdade, foi tudo como deveria ser, mas o grande causador disso é Deus, acho que ele é o maior responsável por tudo, eu sou um instrumento dele. Essa luta serviu não só para lutador, mas para muita gente em outras áreas profissionais. A gente nunca deve desistir do nosso sonho, nunca deve desistir dos nossos objetivos. Acho que isso serviu não só para quem está lutando, mas para todo mundo, para quem tava ali, para quem está em dificuldade e estão quase desistindo de alguma coisa. Eu acho que esse foi o grande recado e o grande lance da luta. Eu fui um servo de Deus ali para mostrar para as pessoas, para incentivar as pessoas não desistirem, para nunca desistir, sempre acreditar e fazer com que as coisas aconteçam para elas, para elas acreditarem e nunca desistirem delas.

Dessa vez, o evento teve transmissão nacional no Brasil pelo canal SporTV. Como você se sente sendo um dos personagens dessa virada do MMA no Brasil, quando o MMA teve a maior audiência e transmissão em diversas mídias que antes não davam espaço para o esporte?

Eu me sinto muito feliz. É como eu falei, eu acho que, se aconteceu, foi uma coisa muito boa para que as pessoas verem. Falando dessa maneira, até parece que estou fazendo propaganda aqui de igreja, de religião, mas não é nada disso... É como a coisa é mesmo, eu acho que a superação, aquela coisa de ser brasileiro e estar ali e eu dei uma entrevista antes, onde me perguntaram o que eu estava achando dos comentários do Chael sobre o Rodrigo e tal... Eu posso te falar isso e gostaria que você botasse isso na revista para que todas as pessoas lessem isso: ele falou da pessoa errada. Ele podia ter falado de todo mundo, mas ele falou do cara que não podia ter falado, em situação nenhuma. Ele falou das pessoas que não podia ter falado. Eu entrei de quimono em homenagem ao Rodrigo e, antes da luta, eu falei para ele: “Rodrigo, eu vou pegar esse cara porque é uma questão de honra para mim, como seu faixa-preta, pegar esse cara”. Graças a Deus, eu fui lá e consegui pegar.

Deu tudo certo e eu acho que a comunidade do Jiu-Jitsu está de parabéns, o Jiu-Jitsu me salvou e é uma coisa que eu treino muito, sempre treino de quimono, meus alunos me ajudam muito, o Ramon da Atos está de parabéns e todos os atletas de lá que me ajudaram também. Eu acho que isso que é bacana, o Jiu-Jitsu que a gente tem, o Jiu-Jitsu brasileiro, que faz parte de todos nós, brasileiros. Queria agradecer ao mestre Hélio Gracie, ao mestre Carlson (Gracie) e a todos os faixa-preta de JIu-Jitsu que fizeram história dentro do MMA e que fizeram história com o nosso esporte, porque, este, a gente pode considerar um esporta brasileiro e eu me sinto honrado de poder ser faixa-preta de uma arte marcial que é tão eficiente quanto qualquer outra, tanto em pé quanto no chão. Sou faixa-preta de Muay Thai, mas também sou faixa-preta de Jiu-Jitsu e, no sábado, o que impôs o ritmo foi a minha determinação, a minha vontade de vencer e mais o Jiu-Jitsu que eu aprendi em todos esses anos, durante todo esse tempo.

Qual é o próximo passo: revanche com o Sonnen, luta com o Vitor Belfort ou cuidar da costela?

A primeira coisa que eu vou fazer é cuidar da minha costela, me cuidar para ver como vai ficar a situação. O DanDan é um aluno meu que vai estar lutando nesse próximo final de semana, vou estar dando uma força para ele e para o Mário (Miranda) também que vai lutar no próximo UFC, e vamos lá. Vamos cuidar da lesão e, assim que eu estiver pronto para voltar, eu volto e vamos tentar dar mais alegria para os brasileiros e para todos os fãs do MMA.

O Mário vem te ajudando bastante nos treinos. Como você acha que vai ser essa luta dele com o Demian Maia?

É uma luta difícil, é complicado... O Demian é brasileiro, ele também. A gente está sempre torcendo para os brasileiros, mas o Mário é meu amigo de treino, a gente treina juntos aqui e vamos tentar ajudá-lo o máximo que a gente puder para que ele consiga essa vitória. Independente de qualquer resultado, os dois vão estar bem preparados. Eu acho que o Demian vai estar bem preparado e ele também e espero que seja uma boa luta para os dois e que vença o melhor. Quem estiver melhor treinado e a gente vai tentar fazer o máximo possível para que o Mário imponha o ritmo dele, mas que vença o melhor, eu acho que isso é o mais importante.

Algum recado para os fãs que ficaram na madrugada torcendo por você, até que você conseguisse aquele triângulo pra salvar a noite?

Triângulo e uma chave de braço, à la Minotauro (risos). Bom, queria primeiro agradecer a Deus, ele é casca-grossa mesmo, Ele é o ser supremo mesmo, não tem como... Queria agradecer a todos que torcem por mim, às pessoas que criticam também, as que fazem críticas construtivas e para o meu bem... Eu estou melhorando, mas sou um ser humano como outro qualquer. Tenho os meus erros, tenho meus acertos, e estou melhorando... Acho que, mais uma vez, o que deu para deixar aí para algumas pessoas é como eu sou, quem eu sou, de onde eu venho, onde eu estou e é isso. Queria agradecer a todos, a vocês da revista, vocês que tentam entender o que a gente realmente pensa e passam de forma clara, para que as pessoas entendam e é isso. Vamos lá... Brasil na cabeça e no coração.


Equipe Mineirinho de Jiu Jitsu

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