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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quem são os favoritos para o UFN 22?


Foto Josh Hedges


A noite desta quarta-feira (15) será agitada para os brasileiros, que acompanharão três representantes tupiniquins entre as lutas principais do UFC Fight Night 22. Vindo de vitória por nocaute sobre Caol Uno, Gleison Tibau encara Jim Miller, enquanto Charles do Bronx’s, que estreou no UFC com vitória de 41 segundos, duela com Efrain Escudero. Na luta principal da noite, Rousimar Toquinho encara o duríssimo Nate Marquardt. Confira abaixo as apostas de Nico Anfarri para as lutas e fique ligado na TATAME para acompanhar, em tempo real, todas as emoções do UFN 22.

Nate Marquardt x Toquinho

Marquardt é um excelente lutador em todas as estâncias. Sua grande falha sempre foi o psicológico, que nem sempre está em harmonia com suas habilidades e estratégias no dia da luta. Durante anos ele tentou colocar a cabeça no lugar, mas a derrota humilhante para Sonnen, quando todos “sabiam” que seria uma vitória tranquila, mostrou que o problema ainda não está resolvido. Um Marquardt focado venceu com facilidade Maia, Gouveia, Kampmman, Horn, Lister. Mas a sua versão desfocada é um atleta que faz opções erradas durante a luta. Tenta combinações de chupes e socos que funcionam mais em filme do que na vida real, é ansioso demais para terminar o combate e comete erros não forçados expondo demais as pernas e facilitando takedowns e até perde para lutadores do calibre de Keiichiro Yamamiya, atleta com 26 derrotas no cartel. A sua busca por equilíbrio psicológico começou quando trocou o Pancrase pelo UFC em 2005, aonde acumula oito vitórias e três derrotas (incluindo eventos de UFC e UFC FN). Nate se mostrou irregular em suas performances contra atletas de maior nível. No período pré UFC seu cartel era de 21 vitórias e apenas seis derrotas. Marquardt luta mais com o coração do que com a cabeça, faz mais o que quer durante a luta do que o que deveria e é facilmente derrotado quando percebe que as coisas estão dando errado. Nos EUA, é uma instabilidade emocional, mas aqui no Brasil, chamamos de falta de raça mesmo. Um lutador atlético, forte para o peso, com excelente alcance, não tem um bom jogo de pernas, mas tem um bom boxe sem firulas, explosivo, um wrestling bom o suficiente para o manter de pé contra quase qualquer lutador que não seja campeão na área, um poderoso ground and pound, e um jogo de chão competente, mas luta como um menino mimado que desiste ao primeiro sinal de dificuldade.

Toquinho é o melhor lutador do planeta no quesito chaves de pé e perna. Faz a ex-estrela do Pancrase Bas Rutten e o lendário Marco Ruas, famosos por entre outras qualidades, suas precisas chaves de perna, meros aprendizes. Toquinho não só tem conhecimento técnico de todas as posições criadas pelo homem civilizado para esse tipo de ataque, como ele entende a biomecânica das articulações. Ele parece perceber, no calor da luta, quais os melhores ângulos para torcer de modo doloroso o adversário. Mais do que conhecer chaves de perna e pé, ele inventa movimentos pré-finalização. Muitas vitórias que vimos em chaves que conhecemos, começaram em movimentos imprevisíveis. O final é de conhecimento popular, mas são os caminhos que ele toma para chegar lá, os giros e ângulos que ele usa que confundem o adversário e o fazem letal. No chão, nas pernas, ninguém aguenta lutar com ele cinco minutos. Ser muito baixo para o peso, atarracado e com a musculatura tensa o prejudica em quase qualquer situação. Fica lento e curto para boxear, seu alcance pequeno o força a aceitar o ritmo imposto por outros atletas, dificulta encurtar a distância caso queira levar a luta para o chão, mas o facilita demais nas chaves de perna e pé. Tudo que Toquinho tem de estelar nessa área de ataques a perna, ele tem de limitado em quase todas as outras áreas. Tem um excelente chão, mas opta quase sempre por buscar as pernas, eventualmente abrindo mão de melhores chances de vitória no ground and pound ou outros tipos de finalização, tem um boxe muito fraco, braços muito curtos e uma defesa de quedas apenas tolerável. Toquinho deveria descer para o peso meio-médio, aonde não teria tanta desvantagem na envergadura. Um incrível lutador em uma das valências do combate, mas ainda limitado em tantas outras.

MEU PALPITE: MARQUARDT

Toquinho tem apenas uma chance, levar ou ser levado para o chão e mostrar que todos os anos de Pancrase de Nate não servem de nada contra seus ataques imprevisíveis e devastadores de perna e pé. Mas Nate e o treinador Greg Jackson sabem disso. Um Marquardt desfocado e sem disciplina, pode acabar por levar Toquinho para o chão, por queda ou por knockdown, e aceitar lutar lá apenas por prepotência e ser surpreendido. Mas, vindo de derrota e precisando desesperadamente dessa vitória para se manter na quarta posição do ranking do peso médio, acho que ele vai fazer uma luta certa, usar seu alcance para manter Toquinho distante e lutar por fora, com diretos longos e chutes. Marquardt vence por nocaute técnico no segundo round.

Efrain Escudero x Charles do Bronx’s

Escudero é um atleta explosivo, raçudo, campeão americano de wrestling, queixo duro, não é particularmente bom de chão, mas conhece algumas chaves básicas e sabe a hora certa de aplicá-las. Às vezes mais vale saber umas poucas e fazer as melhores escolhas na hora da luta, do que saber milhares e não fazer nada por ficar indeciso. Escudero é o tipo de atleta que compensa a falta de qualidade real em todas as instâncias, fora wrestling, com criatividade e inteligência para achar os atalhos no octagon. E foi assim por toda a sua breve carreira até perder a invencibilidade para talentoso Evan Dunham, numa chave de braço. Luta que Escudero teve nas mãos, mas deixou seu temperamento brincalhão e seu instinto de showman suplantar o de lutador, e acabou entregando o braço para o oponente que estava levando o combate mais a sério. Depois dessa derrota venceu o bom Lauzon, mas ainda me pergunto se ele aprendeu a lição ou se sempre será um bom lutador que pagará com um cartel irregular o preço de entrar para lutar menos preocupado com o resultado e mais com seu ego.

Charles do Bronx’s é um atleta de ouro. Veloz, criativo, agressivo tanto por cima quanto por baixo. Ainda está puro em suas estratégias de combate. Ainda acredita que um excelente lutador de Jiu-Jitsu, quando cai por baixo, não tem que pensar em levantar, tem é que se sentir confortável e fazer o que sabe melhor. Acredito que estará disputando o cinturão do peso em alguns anos. Ainda expõe muito o queixo quando lança seus golpes, ainda se abre demais quando tenta combinações, ainda busca as finalizações sem estar com a posição totalmente estabilizada, mas tem a vontade de vencer e de se impor que tem os grandes campeões. Falta ainda em seu cartel um grande desafio, um grande lutador para começar a valorizar ainda mais sua carreira. Agora, no UFC, esses desafios não vão faltar.

MEU PALPITE: ESCUDERO

Se eu tivesse que dar esse palpite daqui a um ano, provavelmente seria diferente. Mas hoje, Escudero, apesar de ter apenas uma luta a mais no cartel, é um lutador mais experiente. Quatro aparições no UFC, fora todas as lutas que o sagraram campeão do Ultimate Fighter, lhe dão um controle de octagon e uma confiança que vão fazer falta a Do Bronx’s. Vejo Escudero derrubando com facilidade, controlando de leve no chão e levantando para fazer tudo de novo para vencer por decisão dos juízes, e essa derrota pode marcar uma mudança para melhor ainda, se é possível, na carreira do brasileiro.

Jim Miller x Gleison Tibau

Miller é um wrestler competente, vigoroso, tem um bom queixo, não foge da trocação e sabe uma finalização ou outra. Nada mais do que isso. Lutadores como ele, com boxe de baixo nível e opção constante por um ground and pound sem eficiência e monótono afastam mais pessoas do MMA do que gera novos fãs. Sua luta em pé se limita a jabs e cruzados e fora seu lindo arm-lock sobre o veterano Duane Ludwige, todas as suas finalizações vem por consequência de socos que rendem o adversário praticamente nocauteado ou entregue mais do que por qualidade técnica. Um lutador persistente, resistente, mas chato e previsível.

Tibau é um dos lutadores mais fortes do peso, tem braços longos, um excelente queixo, um chão muito bom e um boxe inteligente, aonde usa sua envergadura e fintas de queda para acertar golpes em adversários, eventualmente, superiores a ele na trocação. O grande problema do brasileiro é que ele, com certa frequência, não se acha nas lutas. Quando não acha a distância ou quando suas fintas e seu punch não parecem surtir efeito logo de cara ele entre no “takedown mode”. Começa a abaixar a cabeça e levar pra baixo fazendo uso do competente wrestling da American Top Team, incessantemente, mostrando uma limitação sua muito grande em contornar os problemas técnicos e táticos na hora da luta. Adversários com um wrestling melhor que o seu e mais velozes em pé, tendem a complicar muito a sua vida.

MEU PALPITE: TIBAU

A não ser que Tibau tenha parado de treinar boxe e finalizações da guarda, Miller não tem muitas chances. Com mais alcance, poder nas mãos e, simplesmente, muito mais força muscular que o americano, vejo Tibau amolecendo o queixo duro de Miller que tenta uma queda desesperada e cai na guilhotina de Tibau como um faixa branca cairia.

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