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sábado, 24 de setembro de 2011

Royler com sentimento de “dever cumprido”


Por Erik Engelhart

Foto Erik Engelhart

Filho de Hélio Gracie e irmão de Rickson, Royce e Rolker, Royler Gracie sempre foi o mais franzino dos irmãos, mas nunca deixou a desejar quando o assunto era valentia. Prova disso é que ainda garoto, aceitou encarar Eugênio Tadeu, que já lutava Vale-Tudo profissional na época, em um duelo que aconteceu, no melhor estilo “portas fechadas”. Após duelar durante 50 minutos, foi decretado o empate e Royler provava ali que poderia fazer frente a qualquer um, mesmo sendo o mais magrinho do clã.

A despedida desse guerreiro (clique aqui para ver as fotos) aconteceu na última quarta-feira (14), no Amazon FC, e Royler acabou derrotado pelo japonês doze anos mais jovem, Masakatsu Ueda, na decisão dividida dos juízes. Aos 45 anos, Royler se sente satisfeito e não considera sua despedida do MMA como uma derrota.

“O mais importante de tudo foi a vontade de estar ali, afinal eu estava ali porque queria estar, pra mim foi um prazer estar lutando e foi uma pena não poder ter dado pro público uma luta mais aguerrida. Só tenho a pedir desculpas porque com a idade, a velocidade e a força, tudo diminui, por isso eu decidi parar. Não penso em fazer outra luta, estou super satisfeito com o que eu fiz pelo esporte e mesmo que tenha sido derrotado, não encaro essa despedida como uma derrota”

Se no MMA, o cartel de Royler não foi dos mais vitoriosos, no Jiu-Jitsu e Submission o casca-grossa pode ser considerado uma lenda.Tetracampeão mundial de Jiu-Jitsu e bicampeão do ADCC, o lutador sempre foi conhecido pela sua valentia e por não escolher luta.

Bicampeão mundial absoluto de Jiu-Jitsu, Amaury Bitetti sabe bem da importância de Royler. “Foi inesquecível ter lutado com o Royler Gracie, que na minha opinião é o maior casca-grossa da família por encarar os caras fora do peso dele com uma técnica incrível, o Royler era foda, mesmo magrinho, encarava todo mundo”, disse Amaury.

Quanto a sua despedida em Manaus, aos 45 anos, Royler não quer saber de dar desculpas pela derrota, mas é evidente que a idade e o tempo parado pesam em um esporte que evoluiu tanto e que exige muito do atleta como o MMA.

“Você estar a mais de cinco anos sem lutar é uma coisa que dá uma diferença muito grande no final da história. E já com a idade que eu tenho, o reflexo já não é mais o mesmo. Não quero usar isso como pretexto, mas é uma coisa normal que acontece, a diminuição do reflexo, com a idade você fica mais lento, mesmo que esteja com o gás bom, o reflexo não é o mesmo de um cara de vinte anos. Cansei um pouco no final do primeiro round, mas no último eu estava menos cansado do que no primeiro, pois consegui me recuperar bem”, disse Royler, que relembrou o ano de 1999, um dos mais marcantes de sua carreira e analisou seu legado.

“Não penso em fazer outra luta, estou super satisfeito com o que eu fiz pelo esporte, tanto de quimono como sem, assim como minhas lutas que eu fiz no Vale-Tudo, que foram muito parelhas. Tenho o sentimento de dever cumprido. Teve um ano que eu fui campeão mundial, campeão do ADCC, campeão Pan Americano e no final do ano ainda fiz uma luta com o Sakuraba, acho que pouca gente na história fez isso”, disse Royler.

Completamente realizado e comandando sua academia em San Diego, na Califórnia, Royler ficou feliz com a presença de seus amigos e familiares em sua despedida e agora quer curtir uma nova fase em sua vida.

“Estou super satisfeito com a minha trajetória e agora é hora de começar a me dedicar a outras coisas, como a minha academia Gracie Humaitá. Fiquei muito feliz com todo mundo que marcou presença nessa festa, minha filhas, familiares e amigos todos presentes, mas infelizmente não deu pra vencer, mas saio de cabeça erguida e sinto como se tivesse cumprido uma missão em minha vida. Estar com todos presentes nessa festa de despedida não tem preço. Agora é tocar a academia, meus projetos, cuidar da família. Já tenho o mês de outubro e novembro lotado de seminários, minha vida está bem encaminhada”, concluiu a lenda.

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