Seguidores

quarta-feira, 9 de março de 2011

Chinês leva o “Jiu-Jitsu sem firula” ao UFC


Por Guilherme Cruz

Foto Josh Hedges

Nascido na Mongólia, região independente localizada ao norte da China, o peso pena Tiequan Zhang deu show em sua estreia no UFC. Considerado por muitos o maior representante de MMA do país mais populoso do planeta, Zhang precisou de apenas 48 segundos para finalizar Jason Reinhardt no UFC 127, e a TATAME bateu um papo com o responsável pelo jogo de chão afiado da fera.

Pupilo de Carlson Gracie, Ruy Menezes trabalha com a arte suave na China desde 2003, e conversou com a TATAME sobre a evolução no jogo de chão de Zhang. “Quando cheguei aqui ele ainda era faixa-azul de Jiu-Jitsu, mas não no nível do Brasil. Nesses dois anos que estou aqui, posso dizer que ele aprendeu um novo Jiu-Jitsu e hoje é meu faixa-marrom. Passei para ele o que aprendi com meu mestre Carlson Gracie: eficiência sem firula”, conta, falando sobre o crescimento do MMA e o preconceito com que muitos treinadores ainda enxergam a modalidade no país e, entre outros assuntos, revelou os planos do UFC em realizar uma edição em Hong Kong no próximo ano. Confira:

Quando você começou a trabalhar com Jiu-Jitsu na China? Como começou a trabalhar com o Tiequan Zhang?

Eu venho à China desde 2003, e em 2009 recebi oficialmente uma proposta para treinar uma equipe de MMA, onde reencontrei o Tiequan Zhang. Eu estava em Pequim, em 2005, e o Andy Pi, que é dono do Art Of War, me convidou para dar um seminário na Universidade de Xïan. Eles têm a melhor equipe de Sanda da China (que é uma espécie de Muay Thai com Boxe), e lá conheci o Tiequan. Em 2009, recebi a proposta e começamos a trabalhar juntos.

Desde o início do seu trabalho, como foi a evolução do chão dele?

Quando cheguei aqui ele ainda era faixa-azul de Jiu-Jitsu, mas não no nível do Brasil. Comecei a treiná-lo e explicar o que realmente funciona e o que era firula. Nesses dois anos que estou aqui, posso dizer que ele aprendeu um novo Jiu-Jitsu e hoje é meu faixa-marrom. Passei para ele o que aprendi com meu mestre Carlson Gracie: eficiência sem firula. Ele me convidou para montar uma equipe e eu aceitei, mas como treinador, não como dono. Montamos a China Top Team. Achei legal esse nome porque eu já fiz parte da BTT, e o Libório e o Conan, que são meus amigos, tem a ATT.

O Zhang tem um Jiu-Jitsu muito afiado. É fácil trabalhar com ele? Ele pega as técnicas rapidamente?

Fácil demais, ele tem a mente aberta e sempre quer aprender. Conversamos muito, sempre digo a ele que o Jiu-Jitsu tem que estar sempre afiado, que o mais importante é tentar finalizar. Isso fará com que ele esteja sempre atento, e não preocupado em segurar a luta.

Desde que o Tiequan Zhang começou a fazer sucesso no WEC e agora no UFC, como foi a repercussão do MMA aí na China? Aumentou com as vitórias dele?

O MMA aqui ainda é muito novo, tem o problema das federações de Kung Fu e Sanda, que se sentem ameaçadas por esse novo esporte. Mas está crescendo muito rápido, e depois que ele ganhou no WEC e agora no UFC, está tendo uma repercussão muito grande. Depois que ele ganhou no WEC 51, o Youcu.com, que é uma espécie de YouTube daqui, teve 20 mil acessos em 24 horas. Fico muito feliz por fazer parte de crescimento.

O UFC tem planos de voltar ao mercado asiático, e a porta de entrada pode ser a China. Como você vê isso? O esporte já é bem aceito por aí?

Acho que, no ano que vem, eles farão um show em Hong Kong. Eles têm um escritório aqui e temos contatos diários com eles.

A China é um país com muita tradição nas artes marciais. A mistura de diversos estilos é vista com bons olhos pelos treinadores mais tradicionais da China?

Ainda tem preconceito, e vários treinadores não gostam de MMA, mas acho que isso mudará em breve. Eles vão entender que será bom para China e todos sairão ganhando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário