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quarta-feira, 31 de março de 2010

Entre a homofobia e a redenção, Dourado ficou milionário

Ele ganhou o prêmio e o Brasil, a sensação de lhe dar “uma nova chance”

AgNewsFoto por AgNews
Veja mais fotos da festaDourado vibra com a vitória no reality

Até que enfim, acabou o mais intenso dos BBBs. E o mais humano também, no sentido de todos ali dentro serem um pouco vilões. Foi o BBB dos anti-heróis, dos imperfeitos.
Entre tanta gente “torta”, ganhou aquele que soube jogar com o telespectador brasileiro: Marcelo Dourado. O lutador venceu o BBB no dia em que foi encostado na parede por Eliane e Claudia para que fosse mais sociável, e caiu em prantos. Ali, naquele momento, o público sentiu que precisava lhe dar uma segunda chance, afinal, segundo Dourado, ele perdeu tudo “depois que saiu do BBB4”. Daquele momento até a final, o lutador só administrou o prêmio que já estava em suas mãos.
A tática, consciente ou não, foi sempre a mesma. Ele podia fazer os maiores absurdos, contanto que se desculpasse depois, mostrando-se grato pelo perdão que lhe davam. Foi assim, por exemplo, quando saiu da mesa no momento em que Serginho e Fernanda falavam sobre beijos gays. Não demorou 10 minutos para que percebesse que havia feito uma grande besteira e fosse até Serginho para lhe pedir desculpas e “uma nova chance”.
Não era para o jovem que ele pedia essa chance, mas para a pessoa que estava em casa, assistindo ao programa. A mesma pessoa que, com o coração enternecido, se sentia magnânima em poder “ajudar” o lutador, que, “coitado, foi endurecido pela vida”.
Depois daquela cena (“cena”, no caso, sem conotação necessariamente pejorativa, por favor) do choro, qualquer palavra ou ato de Dourado seriam legitimados “aqui fora”, tal qual aconteceu com Alemão no BBB7, que, em nome da proteção que oferecia para suas duas mulheres, Fani e Siri, podia fazer qualquer coisa, até xingar Carol, a Brigadeirão, com palavreado indescritível e sexualmente inaceitável. Assim como Alemão, Dourado pode tudo: ser machista, cuspir no chão, mandar Anamara “calar a boca” e até mesmo ter a sombra da homofobia pairando sobre sua cabeça.

Quanto mais Dourado errou e se arrependeu depois, mais generoso o telespectador se sentiu, dando-lhe outra e outra e outra chance – um milhão e meio delas.

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