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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Raio-X: Cigano e Carwin duelam no UFC 131


Por Fernando Zanchetta, do Yahoo! Esportes

Foto UFC

A luta principal do UFC 131 terá os pesos pesados Júnior Cigano e Shane Carwin em disputa franca pela posterior chance automática de título contra o campeão Cain Velasquez.

Mesmo agendado relativamente em cima da hora – Brock Lesnar teve de se ausentar do compromisso com o brasileiro por causa de diverticulite (grave doença intestinal) – o combate tem ingredientes de sobra para ser mais que eletrizante. Analisaremos alguns abaixo.

Socos a granel: Serão dois dos golpeadores mais contundentes do planeta frente a frente, com características que se completam e diferem por detalhes. As estatísticas reforçam todo contexto: das 12 vitórias na carreira do norte-americano, oito foram alcançadas por socos (três por nocaute técnico, quatro por nocaute), todas no primeiro assalto. Considerado por muitos o boxeador mais habilidoso do MMA, o cartel do brasileiro é semelhante. Das 12 vitórias, oito foram por nocaute técnico. Ambos computam até agora apenas uma derrota.

Trombada: Mesmo oriundos de modalidades de luta agarradas, Cigano e Carwin têm se destacado pela potência e precisão dos golpes em pé. Ambos já declararam que não usarão táticas de neutralização e querem partir para cima.

Cigano tem Boxe mais dinâmico. Usa muito os cruzados e molda contragolpes poderosos a partir de rotações do tronco e esquivas. O uppercut é o mais eficiente e a marca registrada, usado tanto na curta quanto na média distância (como contragolpe). Outra assinatura do catarinense é o direto na linha de cintura, usado para deter avanços dos adversários (como bloqueio) e garantir distância confortável para seguir golpeando.

Carwin gosta mais de aproveitar clinches na grade do octógono e aplicar o “dirty boxing”. O ground and pound é bem estabilizado e explosivo. Ele esgrima pouco com jabs e o volume de golpes é garantido com variações diretos/cruzados/uppers na curta distância.

Pressão x Ansiedade: Cigano teve de amargar longa espera desde a última apresentação no UFC 117, em agosto de 2010 (vitória por decisão sobre Roy Nelson). Havia conseguido a disputa de título contra Cain Velasquez, mas o campeão se machucou e ainda está no estaleiro. Depois, foi um dos treinadores do TUF 13 (reality show do Ultimate) ao lado de Brock Lesnar, que seria o próximo adversário, mas também cancelou a luta por causa da doença intestinal. Então veio Carwin. Bem ou mal, o brasileiro teve de alterar três vezes o período de treinamentos específicos e lidar com os aspectos psicológicos disso tudo.

Shane Carwin literalmente massacrava Brock Lesnar durante todo primeiro assalto da luta entre os dois, no UFC 116 (julho de 2010). No intervalo, talvez por nunca ter disputado um segundo round até então, cansou e foi pego em um katagatame, golpe que lhe custou a vitória. O revés o afetou profundamente e o fez modificar a rotina de treinamento e o aspecto nutricional. Assim, perdeu peso e afirmou ter remodelado a técnica para o novo compromisso. Resta aguardar as novidades.

Táticas e técnicas: Cigano não pode ser considerado atleta tático por natureza. Mesmo com boa obediência neste quesito quando necessário – comprovada em combates vitoriosos contra Mirko Cro Cop (UFC 103, setembro de 2009) e Gabriel Napão (UFC On versus, março de 2010) –, por exemplo, aposta claramente em padrão mais fluido e instintivo como carro-chefe.

Mas o catarinense sabe que Carwin merece atenção especial neste sentido. Talvez uma estratégia mais longa e que detenha o ímpeto explosivo do norte-americano no primeiro round seja a mais indicada para tirá-lo da zona de conforto nos demais e garantir a vitória.

Shane Carwin é adepto declarado da truculência do Wrestling, comum na maioria dos pesos pesados do Tio Sam. Mas não é do tipo de atleta que joga com o livro de regras debaixo do braço. Deve adotar padrão estratégico simples e que valorize as novas habilidades adquiridas.

Palpite: Pelo alto calibre dos envolvidos, esta é típica luta em que qualquer resultado não será surpresa, mas dificilmente será decidida por pontos. Cigano leva vantagem se quebrar o ritmo de Carwin desde os primeiros segundos e equilibrar isso com a agressividade inerente. O norte-americano não deve mostrar mudanças técnicas drásticas, mas deve vir com a resistência mais afiada. Cigano vence por nocaute técnico no segundo assalto.

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